02 julho, 2010

(UM) PEQUENO CONTO ...



- Tem umas camélias florescendo ... lindas... Queria que você fotografasse ...
- Hum ...
- Sabe ali? Na entrada do estacionamento...
- Hum ...
- Está com a sua máquina?
- Não.
- Hum...
- Sem problemas. Faço com esta daqui mesmo.
- Hum...
Camélias.
Não há tempo de ´googlezar´.
Máquina em punho, ela sai em busca da tal ...

- CAMÉLIA... CA-MÉ-LI-A ... CAMÉLIA!
Estacionamento – ok, reconhecido.
Flores, várias – ok, reconhecidas.
Dúvida ... Incerteza...
Principalmente porque não consegue se ´empolgar´ tanto assim com a tal florescência descrita ...
Mas o pedido vem de alma nobre, então ...
Fotografa.

Vários ângulos.
Tentativas de macro.
Dá por finalizada a ´missão´.
E retorna...

Ai!
Lá está ele, na porta ...
- E aí? Fotografou?
- Hum...
- Deixa eu ver...
- Então ... eu fotografei uma porção de flores, mas acho que ...
- Hum ...
Com um olhar maroto ele se aproxima ...
- Deixa eu ver ...
- Então ... não, não ... vamos lá novamente ...
Marotos, riem.
- Vamos lá...
Caminhando à frente dela, vira-se algumas vezes e insiste:
- Afinal... o que você fotografou?
- Hum... nem sob tortura ...
Mais risos.
Passam por ... ´flores´ ...
Ela não se pronuncia...
E elas, silenciosas, nada revelam ...
- E então?

- Hum... é aquela ali?
- Siiiiiim...
- Hum... a luz está melhor agora, não acha? Vou fazer as imagens ...
Risos e mais risos.
Ele se afasta, em respeito àquela “descoberta”.
E então ela e a câmera, cúmplices, se preparam para registrar aquele momento. Único.
- Muito prazer. Eu vou fotografá-las agora...
Mesmo tão delicadas, nada respondem...
- Foi um prazer conhecê-las.
Silêncio.
Missão cumprida.
- Para quem não sabia o que era uma camélia ... tinha certeza que as fotos iam ficar incríveis!...
- Siiiiim...

Hum... e pensar que hoje é dia de fotografar (só) vuvuzelas...

("A dama sem camélia" -Helena Quintana, Julho.2010)

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