é preciso tempo para que se possa - calma e devidamente - fazer a despedida ...
dar adeus aos choros e risos que ainda e insistentemente permeiam cada instante tão presente naquele passado outrora cheio de tantos futuros...
para olhar - sem mais ver - a banqueta, que em frente à penteadeira, sempre serviu à sua única dona ...
para esvaziar, definitivamente, aquela mala - ora impecavelmente organizada, ora à espera das roupas (de baixo, de cima, completas) serenamente instaladas numa das cômodas daquele quarto ...
há que se ter tempo...
há que se ter passado pelo antes ... pelo durante... pelo depois ...
ah... o depois!...
(Ed. Bom Sucesso / Santos / apartamento dos avós, Maio de 2012)
foto e texto: Helena Quintana Minchin